19 de Julho de 2018
Documento de destaque – JULHO 2018
O documento em destaque, no mês de Julho de 2018, referencia a empresa Adico produtora de mobiliário metálico e sediada em Estarreja há quase um século
Adelino Dias Costa, mentor desta empresa, adquirira o gosto e a experiência pela serralharia com seu pai, que possuía uma oficina caseira, e mais tarde em duas empresas do ramo mobiliário metálico em Lisboa. Após a aquisição de conhecimentos neste ramo, decidiu estabelecer a sua própria oficina em Lisboa, a 2 de Dezembro de 1920, onde criava peças inovadoras. Resolveu, um pouco mais tarde, lançou-se na sua terra, Avanca, com uma fábrica de móveis metálicos: a Adico começou assim.
No entanto, a empresa só foi estabelecida por escritura pública como sociedade comercial em nome coletivo (SNC), sob a designação de «Adelino Dias Costa & Borges», a 1 de março de 1923, e tinha por objeto social a «exploração da indústria de serralharia».
Segundo esta escritura inicial, o capital social era de 12 000 $ 00 distribuído da seguinte forma: a quota de João da Silva Borges, 6 000 $ 00 em dinheiro; a quota de Adelino Dias Costa, «ferramentas, máquinas, utensílios e acessórios» no valor de 6 000 $ 00, que este último transferiu para a sociedade «da serralharia que por sua conta explorava». Os sócios eram ambos gerentes sem caução, ficando o primeiro com a «parte comercial e financeira» e o segundo com a «parte técnica da sociedade». Esta sociedade durou pouco tempo, sendo extinta por nova escritura pública a 7 de julho do mesmo ano, ficando o ativo e o passivo a «cargo do segundo outorgante Adelino Dias Costa».
A 30 de março de 1942 com uma nova escritura pública de sociedade por quotas surgem dois novos sócios, José Ferreira e António Maria Valente Moutinho. Nessa altura a firma adotou a designação de «Adelino Dias Costa & Companhia Limitada» e o objeto social passou a ser «a indústria de mobiliário metálico».
A escritura estipulava ainda que o capital social era de 150 000 $ 00 e se distribuía da seguinte forma: as quotas de José Ferreira e António Moutinho eram 20 000 $ 00 a «cada um dos sócios» e em dinheiro; a quota de Adelino Dias da Costa era no valor de 110 000 $ 00, «constituída pelo estabelecimento industrial (…) no lugar do Lombão, com toda as suas máquinas, ferramentas, alvarás, licenças, direitos de laboração, matérias-primas, activo e passivo, ou seja, toda a sua existência e património, com excepção porém dos respectivos edifícios e pertences, existência e património que desde já põe à disposição da nova sociedade.»
A empresa é atualmente conhecida pelo nome de Adico e pela sua popular criação, a cadeira portuguesa de 1920 (conhecido por modelo 5008).
Luísa Falcão Ribeiro
Técnica Superior/ADAVR
Fontes:
Livro de escrituras do notário Manuel Rodrigues Gomes, nº 188, folhas 45 a 47 da comarca de Estarreja.
Livro sob custódia do Arquivo Distrital de Aveiro com a cota atual: PT/ADAVR/NOT/CNETR4/001/0188.
Livro de escrituras do notário Manuel Rodrigues Gomes, nº 193, folhas 18v. a 19v. da comarca de Estarreja.
Livro sob custódia do Arquivo Distrital de Aveiro com a cota atual: PT/ADAVR/NOT/CNETR4/001/0193.
Livro de escrituras do notário Hermenegildo Albertino de Sousa, nº 11 B, folhas 14 a 16v. da comarca de Estarreja.
Livro sob custódia do Arquivo Distrital de Aveiro com a cota atual: PT/ADAVR/NOT/CNETR6/001/0435.
Referências Bibliográficas:
ADICO (2014). História. Acedido em 13 de julho de 2018, em: http://www.adico.pt
Rodrigues, Manuel Ferreira, – Empresas e empresários das indústrias transformadoras, na sub-região da Ria de Aveiro, 1864-1931.
Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian, 2010. 733 p. ISBN 978-972-31-1322-8.